[Resenha] Supernova - O Encantador de flechas

Escrito por Miaka Freitas - sexta-feira, julho 17, 2015

Série: Supernova - Volume 1
Autor: Renan Carvalho
Ano: 2015
Páginas: 440

Editora Novo Conceito

Esse é mais um daqueles livros que ainda não decidi se amei muito ou adorei.

Logo de cara, digo que é uma leitura simples, escrita sem floreios, e que (mesmo com quase 400 paginas) você devora rapidamente, sem querer soltar o livro.

Há também a presença de algumas ilustrações que mostram algumas cenas chaves da narrativa, o que deixa ainda mais atraente para o leitor.  Mas o principal ponto que eu gostei da obra foi algo que acontece logo no inicio do livro. É a criação do mundo. Apesar de me lembrar um pouco até a criação da triforce em The Legend Of Zelda, a misticidade criada pelo Renan transforma algo simples em algo mágico, lindo. E posteriormente essa lenda de origem da criação do mundo, é usada na história. Não foi nada por acaso e os links que ele forma na história, é o que deixa ainda esses detalhes ainda melhores.

O livro tem uma história leve, (e nada complexa) e por isso há alguns momentos bem dedutíveis e previsíveis, mas não totalmente clichês. E por ser assim, é um livro que eu aconselharia para dar de presente a adolescentes e pré-adolescentes. Por ensinar coisas simples como defesa de sua liberdade, valores morais e muita coisas que deveriam ser ensinado em escolas ( e até mesmo no meio familiar), faz com que seja uma leitura obrigatória para a garotada dessa faixa etária. Posso até está viajando quando falo isso, mas acho que as escolas poderiam muito bem adotar o livro para leitura e discussões na sala de aula, afinal, não apenas a história incentivaria os jovens ler, mas o paralelo que podemos fazer até mesmo com a história do nosso país poderia resultar em ótimas pautas de aula.

Em Acigam, a terra natal do Leran, sofre com uma ditadura opressora. Estilo Muros de Berlim, Acigam é cercadas de muros que impedem os cidadãos da cidade de sair e ter contato com o mundo exterior, e vice-versa.  O poder de controlar as energias, a "verdadeira ciência"  é proibida  pelo governo. E por esse poder está mais concentrado entre o setor de comerciantes de Acigam e Leran ser um neto de um deles e treinar escondido com seu avô, quando a revolução explode, ele não consegue deixar de ser envolvido.

Lembra, lógico, da nossa ditadura militar, onde repressão de liberdade e foi marcada por militâncias estudantis e também de outros segmentos da sociedade para tentar se libertar desse controle e censura. O isolamento do país, a censura da imprensa e de pensadores que tentavam mudar a concepção da sociedade sobre tudo que o governo fazia, criando uma oposição contra o regime pode ser visto (de forma um pouco mais branda) em Supernova. De um lado os militantes controladores das energias, do outro lado o poder do Rei e seus militares. Um lado querendo a liberdade para praticar o que faziam escondidos, a queda dos muros e a volta da prática do comércio. O outro lado lutava com propósitos distorcidos (talvez) para proteger a população de Acigam.  

Mas mesmo com essas comparações e esses dois lados da moeda, será que tinha um lado mocinho e um lado vilão? Creio que o Renan Carvalho, em sua obra não quis transmitir que uma pessoa pode ser o mal encarnado ou o outro pode ser o bom samaritano. Quis mostrar que ambos os lados podem ter motivações diferentes, que podem ser corrompíveis para propósitos próprios e que elevam seu egocentrismo. Quis mostrar que não formos feitos apenas para ser o mocinho ou o vilão, que todo tempo podemos fazer as escolhas e trilhar um caminho. E ele não é uma linha reta, mas é cheio de bifurcações, retornos, curvas, e que isso vai modelando o carater e o papel que você assume na sociedade. O ser humano em si pode ser bom, mas também pode ser ruim e não será assim do nascer até a morte, mas em seu caminho percorrido, ele pode mostrar várias facetas, mudar e descobrir coisas novas sobre si mesmo, como a Judra (que posso citar como o maior exemplo - e o mais claro - de mudança ao longo do livro).

Sem falar que esses ensinamentos são passados de forma simples, lúdica e bem gostosa em um mundo fantástico que existe magia. E de quebra você ainda incentiva a leitura nesses jovens.  


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1 recados

  1. Mia, adorei sua resenha. E do jeito que vc descreveu esse livro me deu muita vontade de ler, apesar de não gostar fantasia.
    E a capa e linda.

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